O Branco Casario avista-se ao longo da estrada internacional que leva Beja à Fronteira de Vila Verde de Ficalho ligando Lisboa a Sevilha.
Serpa, a Branca e castiça Vila,
rica de Pão, Azeite, gados e cortiça, Urbe Rural onde os meios de subsistência advêm ainda na maioria dos trabalhos do Campo.
Serpa, Vila, sede de Concelho e Comarca do Distrito e da Diocese de Beja.
O Concelho é constituído por sete Freguesias com uma área total de cerca de 1 104 km² para um total de "15 mil Habitantes Censos de 2011".
O seu clima é mediterrânico a tender para o semi-árido, com verões secos e quentes com temperaturas médias de 25° e máximas a ultrapassar os 40° nos meses de Julho e Agosto.
Invernos com temperaturas médias de 8° e mínimas que chegam a ser negativas.
Vários são os Pontos de Discórdia acerca da Origem do Nome Serpa. Os Árabes chamam a serpa Sheberina ou Cheberina: por 2 motivos: Primeiro porque o S inicial é representado pelo Chin como Chantarim de Santarém.
Segundo porque o P falta no alfabeto Árabe e é substituido pelo B de Cherba teriamos Cherba por uma simples transposição de Consoantes habitual entre moiros pouco Letrados.
Nos tempos antigos tomava muitas vezes entre os cristãos a forma de Serpia e esta forma daría em árabe Chebria, bem próximoáde Cheberina.
O Cónego José de Jesus Gonçalves , que assina por Gonçalves Serpa, atribui a sua Fundação de Serpa ao General Cófilas, Rei dos Túrdulos e pai da Princesa Serpínia, nome que transformando-se em Serpia veio finalmente, através de outras mutações, a dar Serpa segundo o ponto de vista deste estudioso.
Muitos outros depoimentos e perspectivas se poderiam trazer aqui à colocação, como a do Padre Borges, Pároco da Freguesia de Salvador, que em 1955 no Jornal " Notícias de Serpa" defendia a tese de origem do nome Serpa como derivado da palavra Sirpis baseada numa moeda então encontrada com aquela inscrição.
De qualquer modo, à parte de todas estas conjecturas, a verdadeira origem do seu nome continua ainda como vimos por se conhecer de uma forma segura e irrefutável.
Muitas vezes destruido e outras tantas reconstruido o actual Castelo foi Edificado por obra de D. Dinis em 1295.
Tem uma forma Quadrangular com um largo terreiro onde se abre um poço.
É cercado por uma cintura de Muralhas areadas com várias Torres.
A mais imponente a torre de Menage está praticamente destruída devido ao ataque dos Espanhóis no Século XVIII quando o duque de Ossuna se viu obrigado a abandonar Serpa .
No seu interior no espaço onde estava instalada a antiga prisão funciona actualmente o Museu Arqueológico com Colecções do Paleolítico.
As muralhas foram construídas no Reinado de D. Dinis quando se Reconstruiu o Castelo.
Embora meio destruído o pano das Muralhas que ainda hoje envolve o núcleo Histórico de Serpa é de uma grande imponência.
A altura Média anda pelos nove metros, encimados, por um pano de taipa que forma as ameias.
Estas têm cerca de 2 metros de grossura e estão apoiadas em altas Torres.
Existiram 3 portas na Muralha: Portas de Beja, de Moura e a porta de Sevilha, voltadas respectivamente a noroeste, a nordeste e a Sul.
Actualmente, as muralhas voltadas a poente têm várias aberturas, provavelmente feitas séculos depois, por exigência do crescente aumento da Vila, e que ligam a Rua dos Cavalos, a Rua do Prior e a Rua de Nª Senhora com o Largo da Corredoura e Rua dos Lagares A torre do relógio foi construída, aproveitando uma das velhas Torres do Castelo, em frente à Igreja de Santa Maria.
A sua construção data dos Finais do Século XIV.
Trata-se apenas de uma Torre do Castelo que, após remodelação da sua Coroa efectuada por Mestre Pascoal, foi adaptada para receber o primeiro Relógio da Vila, em 31 de Janeiro de 1440.
Tem a particularidade de ser interiormente cilíndrica, subindo-se para o relógio por uma escadaria de madeira com 52 degraus.
O apoio é feito em tijolos e não está em esquadria com a torre.
O tecto é de abóboda nervada e tem ao centro um escudo com quatro flores de Lis e ao meio deste uma abertura com cerca de 10 cm de Diâmetro.
Antigamente as Reuniões da Câmara Municipal eram convocadas ao toque dos Sinos do Relógio, tendo-lhe a mesma destinado todo o Azeite das Canadas, que lhe eram pertença, para fazer face à sua Manutenção, No Museu do Louvre,
em Paris, encontra-se um quadro do Conceituado Pintor Serpense Manuel Bentes cujo motivo é a referida Torre.
O pulo do Lobo - poucos dos de "casa" e muitos menos dos de "fora" conhecem esta maravilha que é um verdadeiro Monumento da Natureza, este sim de uma surpreendente beleza.
A sensação do Visitante ao ver um dos maiores Rios Portugueses sofrer um estrangulamento tal que bem poderia ser transposto pelo pulo de um Lobo, daí o nome Pulo do Lobo, é um espectáculo inesquecível e de inebriante encanto.
Porém ainda hoje a falta de estradas de acesso ao local torna difícil a penetração naquela Zona.
Pouquissimas são também as referências escritas a seu respeito.
Uma das únicas vem inserta no Dicionário de pinho Leal:" Entre as Vilas de Serpa e Mértola ( a 6 Km de Serpa) forma o rio Guadiana uma temerosa catadupa que se despenha com horrível estrondo aturdido e terrificando os que a ela se aproximam (...) com efeito o rio cai num pego que tem uns 100 metros de Largo e 137 de Altura, correndo pouco antes por dois canais estreitos, que cada um, não tem mais de um metro de largo, e juntando-se logo, passam por baixo de uma pequena ponte, formada pela natureza e que dá passagem para uma e outra margem do rio.
A essa catadupa se dá o nome de Pulo do "Lobo"
As Chaminés sendo uma terra de Arquitectura sóbria, mantém ainda as suas típicas chaminés,
em especial as duas ruas dos chafarizes, das Amendoeiras e as da rua da Ladeira, entre muitas outras e que lhe dão uma característica muito própria.
Aqui se podem apreciar as famosas Chaminés de Escuta, que permitiam aos da casa ouvir tudo o que se passava no exterior sem terem necessidade de se mostrar ou expôr e que atingem uma altura considerável, quase o dobro da de Habitação.
Fotografias da cidade de Serpa
Existem muitos tipos de Chaminés entre os quais se destacam as cilindricas, cobertas por uma cúpula, umas outras do tipo facetado, as rectangulares, etc. De um trabalho de pesquisa levado a cabo há uns anos atrás, foram registadas trinta e duas belas espécies deste ex-libris serpense que valia a pena melhor preservar, procedendo-se igualmente a um seu arrolamento minucioso.
O Solar dos Ficalhos - o Palácio dos Marqueses de Ficalho é uma imponente Construção que assentou sobre as grossas Muralhas de D. Dinis. O Padre Carvalho da Costa na " Cororografia Portuguesa" classifica-o como sendo um dos melhores do País no seu género.
No exterior apresenta uma grandeza com sobriedade, mas no seu interior sobressai a riqueza das paredes azulejadas e Abóbadas Conventuais.
Também nos seus anexos, foi construída uma magestosa Arcada de dezanove arcos, que se destinava a transportar a àgua de uma nora para abastecimento do palácio.
Continua a ser a residência permanente da família Marquês de Ficalho.
Este soberbo palácio dos Mellos, a nora e o aqueduto, bem como a abertura da Porta Nova, marcaram até hoje o perfil da Vila de Serpa.
Aqueduto e Nora - esta Construção que liga ao Palácio dos Condes de Ficalho assenta em toda a extensão da muralha até ao canto que dá para Sul e onde começa a Rua dos Lagares, sendo considerada o Ex- Libris monumental de Serpa.
Os seus 19 elegantes arcos, apoiados na muralha, sustêm o canal que leva ao palácio a água da nora existente no referido canto da muralha.
O Aqueduto e a nora foram construídas provavelmente na mesma altura do palácio, em começos de séc. XVII, para o seu abastecimento de água.
Igreja de Salvador - fica situada fora da muralha, embora dentro do perímetro do Centro Histórico.
É uma das igrejas mais antigas de Serpa, encontram-se referências datadas do começo do Século XV no Arquivo Municipal.
É apontada também nos desenhos de Duarte Damas de 1520.
Tem no interior uma única nave com uma bonita abóboda de berço.
Além da capela-mor, onde há um sacrário guardado por 2 querubins, existem mais 6 capelas, com ricas talhas.
A capela-mor tem nas paredes laterais 2 paineis de azulejo azul e branco do século XVIII e sobre eles 2 quadros a óleo de autores desconhecidos.
Mosteiro de S. Francisco - está a ser utilizado como Lar de 3ª Idade ( Santa Casa da Misericórdia) .
O Convento de S. Francisco foi mandado construir no ano de 1502 por ordem de D: Manuel I, na estrada que hoje conduz a Vale de Vargo junto ao Cemitério e que outrora distava da vila cerca de 1Km.
Ao estilo Gótico, decorado com elementos manuelinos como era apanágio das construções da época, está hoje profundamente adulterado por sucessivos "melhoramentos". Os Frades Franciscanos fundaram no local uma capela sob invocação de S. António que foi ampliada em 1463.
D. Manuel autorizou certas modificações e a Fundação da igreja de S. Francisco com capela do Taumaturgo no interior do edifício de puro estilo Manuelino digna, por si só, de atenta visita.
Ermida de Nª Srª de Guadalupe - a Capela da Santa Padroeira e do seu Concelho ergue-se a cerca de 2 Km da Vila e no monte mais elevado da planície Alentejana, na denominada Serra de S. Gens.
( hoje na sua redondeza um equipamento hoteleiro que é uma das melhores unidades do género, muito bem enquadrado no ambiente paisagístico).
Tão pobre e acanhada que é a construção da capela que nada nos oferece digno de registo, a não ser no aspecto místico, tendo sido em tempos recuados, ao que se supõe, instalações de Leprosos.
No Interior da Capela, apenas iluminada pela luz que lhe entra pela porta e pela das velas que os devotos oferecem à Senhora , ao fundo existe um pequeno altar, e nele a imagem venerada da Santa, de trinta centímetros de altura, rodeada de penumbra e quietude.
Ao lado fica a sacristia, mais pequenina ainda, onde se Vê um Ex-voto, de 40 centímetros de alto por 30 de largo, com a seguinte Legenda: " Este quadro representa um portentoso milagre que fes N.
S. de Guadalupe/ em obséquio de um menino que fico sem mai a pocos dias de ter nascido.
/ e neto de Maria Troncomita, e foi dia des de Outubro de 1868, que ven-/do o menino sem sustento pedio de todo coração a N.
S. a dita avó / do menino mulher de 50 annos, que lhe deparase quem lhe desse de ma /mar, e ao poco tempo foi tanta a abundância de leite que teve a sua avó que já ficava satisfeito
" Por sobre a porta de entrada da capelinha foi recentemente colocado um grande painel de azulejo alusivo à consagração oficial e solene do Concelho ao Sagrado Coração de Maria a quem se presta homenagem a alguns serpenses que, teimando contra o parecer de muitos conseguiram com que se construísse a estrada que hoje nos leva ao Altinho.
Todos os anos milhares de pessoas, Serpenses e Forasteiros, consagram a sua atenção neste local de grandiosa peregrinação regional.
Igreja de Nossa Senhora dos Remédios - diz a tradição que esta pequena capela foi construída em cumprimento de uma promessa de certa mulher que tendo sido difamada em sua honra teria implorado a Nossa Senhora dos Remédios a prova da sua inocência fazendo voto de edificar uma ermida em seu louvor com esmolas por si pedidas.
A capela é pobre, nada mostrando de interesse e está erguida a nordeste do Castelo Velho, no sítio dos Penadinhos.
Não se consegue averiguar se a iniciativa da sua construção pertenceu a uma mulher.
Todos os anos a 2 de Fevereiro fazia-se a sua festa, com a pompa que lhe emprestavam os seus confrades, que não a confraria que era muito pobre, vivendo somente de esmolas que pediam de noite, levando à frente a imagem da Senhora que era acompanhada de muito povo.
Com o passar do tempo a tradição acabou.
Igreja de Santa Maria - é das igrejas mais antigas da Vila e a primeira em importância, situando-se ao pé do Castelo.
A entrada faz-se por um portíco ladeado por 2 botaréis.
O interior compõem-se de três naves separadas por arcos ogivais, apoiadas em colunas geminadas coroadas por capitéis românicos.
A capela-mor foi a casa tumular da família Mello.
Parece ser do tempo de D. Dinis.
No entanto, pela observação das suas altas paredes de alvenaria que sobre os arcos fazem boa parte da altura da nave central, parece poder concluir-se que a actual igreja foi feita sobre os destroços de uma edificação talvez uma mesquita árabe, com aproveitamento das duas ordens de colunas que agora estão sobrecarregadas por uma parede suplementar.
Encontra-se construída sobre a antiga mesquita, tal como provam os vestígios do minarete que fora descoberto no interior da Torre sineira.
Capela de S. Paulo - Adaptada a Hospital.
A Igreja funciona como Câmara mortuária, em situações excepcionais.
A Construção deste convento, segundo documentação do Arquivo Municipal, parece ter-se iniciado por volta de 1690.
Actualmente, está adaptado a hospital (Hospital de S. Paulo), tendo sido também hospital da misericórdia.
As obras de adaptação adulteraram o interesse histórico do edifício, com a introdução, por exemplo, de janelas de alumínio.
A igreja abre a sua porta ao lado da entrada principal do Convento e tem no interior uma só nave encimada por uma abóboda de berço.
Nas paredes laterais há seis altares, sendo os maiores os do transepto.
Nos lados, há painéis de azulejo azul e branco, de 1750. Na capela mor também existem dois paineis de azulejos azuis e brancos, um de cada lado.
Outras capelas - muitas outras Ermidas e Capelas não são referidas por serem construções modestíssimas e hoje em ruína ou mesmo abandonadas.
São o caso de S. Sebastião, S. Pedro ( ver foto) , Mosteirinho, Cálvário, igreja do Santuário, Igreja de Nossa S. da Saúde, que no entanto estão ligadas à tradição serpense por se relacionarem com festividades populares de carácter mais ou menos religioso.
Fonte:
Câmara Municipal de Serpa