A Região do Alentejo uma das mais belas e bem conservadas regiões de Portugal – o Alentejo – a imensa planície ondulante
que se estende desde as margens do rio Tejo para sul, até ao Algarve, a província mais meridional de Portugal.
Começando a viagem no Alto Alentejo, fica-se desde logo impressionado com o intenso dourado dos campos de trigo, embelezados, aqui e além, por pequenas
elevações arredondadas, a que os alentejanos chamam “cabeços”, alguns coroados com as muralhas de um velho castelo medieval, ou simplesmente com as paredes
caiadas das casas que compõem as bonitas vilas e aldeias espalhadas por todo este vasto território.
Mas esta paisagem tranquila é como que uma cortina que se abre para descobrir um património histórico único. São surpreendentes os traços deixados pelas
sucessivas civilizações que por aqui passaram: dólmenes e cromeleques, vestígios romanos e árabes que se misturam com sinais mais recentes do Cristianismo,
dos quais os inúmeros castelos medievais são apenas um exemplo. Para nordeste ficam as bonitas vilas e cidades que compõem a chamada Rota dos Castelos: Nisa, Castelo de Vide, Marvão ou Portalegre. Mais para sul, para
os lados de Évora, cidade classificada pela UNESCO como património da humanidade, a paisagem torna-se mais quente e mais plana.
E, à medida que nos aproximamos do Baixo Alentejo, região que se estende à volta de Beja
, a capital da província, menos povoadas se tornam as planícies, mais planas e ainda mais soalheiras. As únicas sombras são-nos dadas pelas oliveiras e pelas azinheiras e alguma rara frescura encontramos junto de represas e barragens ou nas ruas sombrias de vilas tão antigas como Alvito; Serpa ou Mértola.
Seguindo o curso do rio que atravessa a província, o Guadiana – o velho Anes dos romanos o Odiana dos muçulmanos – chegamos à barragem do Alqueva, um imenso projecto que promete transformar a natureza e a economia da região e que já nos oferece um enorme espelho de água debruado por velhas árvores, oliveiras
e azinheiras, esculpidas pelo tempo, que sombreiam o terreno ainda seco dos montados, onde coelhos, lebres, perdizes e velhas raposas prosperam num ambiente de total liberdade.
Este foi o último “milagre” que os Alentejanos testemunharam. Trata-se da realização de um velho e muito desejado sonho, – a conclusão da barragem do Alqueva
e o nascimento do “Grande Lago”, o maior lago artificial e o maior reservatório de água da Europa, mesmo no meio de uma das suas regiões mais secas, abrindo novas possibilidades para a irrigação, produção de energia, turismo, tempos livres e … beleza!
A região é, na verdade, um pequeno mundo de experiências naturais, que o “criador” presenteou com a beleza dos seus espaços sem fim, pintados com as cores da floresta mediterrânica. Contudo é ao homem que se deve a introdução do amarelo dourado do trigo, exuberante no Verão, os intensos castanhos do Outono, depois da terra lavrada, e é a ele que se deve, também, o inconfundível encanto suas vilas e aldeias.
Aqui a terra tem sido cuidadosamente cultivada, ao longo de séculos, por Romanos, Visigodos, Muçulmanos e pelos Cristãos, a partir da primeira 1ª metade
do século XIII, quando, finalmente, a região foi conquistada aos Mouros, passando a fazer parte integrante do reino de Portugal. Deles todos herdámos um
mundo onde a harmonia entre a natureza e a criação humana parece reinar, num equilíbrio delicado, por vezes difícil de manter.
O mesmo se poderá dizer sobre a “costa alentejana”, com as suas magníficas praias atlânticas que se escondem atrás de enormes rochedos escarpados ou das suaves curvas das dunas, numa área ainda pouco tocada pelas mãos do “progresso”. Uma verdadeira descoberta ainda por fazer ou, talvez, um “paraíso reencontrado”.
No Alentejo, uma área que ocupa cerca de um terço do território português, a população é escassa. Trata-se de uma região com uma população dispersa, com
vastos horizontes, onde o ritmo da vida ainda segue o movimento tranquilo da natureza.
A geografia e o longo passado moldaram a “alma” dos alentejanos e a sua cultura. Habituados às durezas da vida e ao vazio e à solidão desta grande planície,
os alentejanos mostram-se orgulhosos e, à primeira vista, até distantes mas, ao mesmo tempo, humildes, tímidos e sobretudo, calmos, tão calmos quanto o
calor do verão que os esmaga. Mas, uma vez ultrapassada a timidez dos primeiros encontros, o alentejano gosta de partilhar com os outros tudo o que tem de melhor: os seus sentimentos e pensamentos, as suas inquietações e os seus sonhos, e tudo isto, provavelmente, à volta de uma mesa, oferecendo, orgulhosamente,
as melhores iguarias e especialidades da gastronomia local, acompanhadas por um dos excelentes vinhos produzidos na região A cozinha tradicional do Alentejo, considerada a mais criativa de toda a tradição culinária portuguesa, merece ser apreciada. Curiosamente, a tradição que perdurou e que deu origem agora a famosa comida alentejana, foi a “comida dos pobres. A necessidade gera o engenho “ e, na verdade, a partir de muito poucos ingredientes, principalmente o pão, o alimento básico com uma tradição de séculos, o azeite e uma variedade de ervas aromáticas – coentros, salsa,
hortelã, orégãos, etc. e outras ofertas da natureza – as gentes do Alentejo foram capazes de inventar uma tradição culinária feita de cheiros e sabores e de condimentos discretos ou, por outras palavras, uma comida para iludir a fome, sem esquecer o prazer de comer.
Espaço, tranquilidade, cores, cheiros, e a serena simpatia do seu povo fazem do Alentejo uma experiência única, e acima de tudo uma experiência que poderá abrir novos caminhos inovadores para futuro de Portugal e do mundo em tão rápida mudança.
fim de citação
Fonte:
Instituto Politécnico de Beja @2006